Fumaça e J. Rey - Vida Pura

Hoje me lembro
O sertão onde nasci
E agora estou aqui
Nessa grande povoação

Nesse momento
Que eu quero lhe falar
Não queira correr pra cá
Meu amigo, meu irmão

Porque aqui
É um avanço de loucura
Não tenho uma vida pura
Como se tem no sertão

O povo estuda
Aprende com inteligência
Mas lhe falta consciência
E a consideração

Que me desculpem
Os grandes industriais
Que vivem nas capitais
Não conhecem o sertão

É lá da roça
Que vem a todo momento
O divino mantimento
Pra sua alimentação

Deviam ver
Da maneira que eu vejo
Que o caboclo sertanejo
É o esteio da nação

Os tubarões
Devem ter muito cuidado
Porque sem o empregado
Também não será patrão

A leitura, amigo
É o social deste lugar
E os prédios mais graúdos
O pessoal sem estudo
Quem ajudou levantar

Depois de pronto
Com total habitação
O caboclo do sertão
Pra dentro não pode entrar

Aí precisa
De uma autorização
Do porteiro ou do patrão
Para falar com alguém

E para mim
Se torna a maior tortura
Essa tal de vida pura
Que na cidade não tem